Mesmo uma baixa ingestão de carne vermelha e processada pode aumentar o risco de morte

A conexão entre comer grandes quantidades de carne vermelha ou processada e certas doenças é bem conhecida, mas um novo estudo sugere que consumir mesmo uma pequena quantidade desses alimentos pode ser arriscado.

Uma nova pesquisa sugere que comer carne vermelha, mesmo ocasionalmente, pode encurtar a vida.

O mundo está comendo mais carne. O consumo global de carnes e aves aumentou nos países desenvolvidos e em desenvolvimento nos últimos 50 anos, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

A carne vermelha é o tipo de carne mais popular nos Estados Unidos. A carne processada que passou por cura, defumação ou salga para alterar seu sabor representa 22 por cento do consumo de carne dos EUA, de acordo com um estudo de 2011.

A pesquisa relacionou a carne vermelha e processada a um risco maior de certas condições de saúde, como diabetes, doenças coronárias e até mesmo alguns tipos de câncer.

Estudos anteriores examinaram os efeitos da ingestão de quantidades moderadas a altas de carne na mortalidade. No entanto, o impacto de consumir uma pequena quantidade ainda não foi testado.

Encontrando a amostra perfeita

Pesquisadores da Loma Linda University Health, na Califórnia, objetivaram abordar esse desequilíbrio em um novo estudo.

“Queríamos dar uma olhada mais de perto na associação de baixo consumo de carne vermelha e processada com todas as causas, doenças cardiovasculares e mortalidade por câncer em comparação com aqueles que não comem carne”, afirma o autor principal Saeed Mastour Alshahrani.

As descobertas da equipe sugerem que comer pequenas quantidades de carne vermelha e processada pode aumentar o risco de morte de uma pessoa.

Os pesquisadores usaram dados de pessoas que participaram do Adventist Health Study-2 (AHS-2). Entre 2002 e 2007, este estudo de coorte recrutou cerca de 96.000 adventistas do sétimo dia que vivem nos EUA e Canadá.

Os adventistas são um grupo interessante para cientistas que buscam fatores relacionados à dieta alimentar. Cerca de metade desses crentes são vegetarianos, e aqueles que optam por comer carne consomem muito pouco dela.

Para ver se o consumo de carne teve algum efeito sobre a mortalidade, os pesquisadores analisaram dois fatores. A primeira foi a causa da morte de mais de 7.900 adventistas em um período de 11 anos. A segunda foi uma avaliação alimentar dos mesmos indivíduos por meio de questionários de frequência alimentar.

Maior risco de morte

Os pesquisadores notaram que o consumo de carne era baixo. Entre as pessoas que relataram consumir carne, 90 por cento comeram 60 gramas ou menos de carne vermelha por dia.

Quando avaliaram as mortes, os pesquisadores descobriram que as doenças cardiovasculares foram responsáveis ​​por quase 2.600 delas, enquanto mais de 1.800 mortes relacionadas ao câncer.

Os resultados, que aparecem no jornal Nutrientes, mostraram que havia uma associação entre o consumo de uma combinação de carnes vermelhas e processadas e um maior risco de morte total e por doenças cardiovasculares. A carne processada sozinha não apresentou tendência semelhante.

Certos grupos pareciam ser mais suscetíveis a tipos específicos de carne. Por exemplo, a carne vermelha não processada foi “significativamente” relacionada a um risco de mortalidade por todas as causas para pessoas brancas, mas não para pessoas negras. Quando os pesquisadores analisaram especificamente o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares, eles notaram que isso era significativo apenas entre mulheres e negros.

Pessoas negras e mulheres também tiveram um risco aumentado de mortalidade por todas as causas ao comer carne processada. No entanto, a equipe identificou apenas uma ligação entre o consumo de carne processada e doenças cardiovasculares em mulheres.

Os pesquisadores não relataram nenhuma descoberta significativa relacionada ao câncer, mas observaram que outros estudos encontraram evidências de uma relação entre o consumo de carne e esta doença. Como resultado, eles sugerem que essa associação só pode se tornar aparente com o maior consumo de carne.

Uma nova conclusão

Os autores do novo estudo acreditam que seu trabalho apóia conclusões anteriores. “Nossas descobertas dão peso adicional às evidências já sugerindo que comer carne vermelha e processada pode impactar negativamente a saúde e a expectativa de vida”, comenta Michael Orlich, Ph.D., co-autor do estudo e co-diretor do AHS-2.

O estudo também mostra algo novo ao demonstrar que comer até mesmo uma pequena quantidade de carne vermelha e processada pode ser pior para a saúde do que não comer nada.

O estudo tem pontos fortes e limitações. Os pesquisadores ajustaram os resultados para vários fatores, incluindo obesidade, atividade física e baixo consumo de frutas e vegetais.

Para fortalecer as descobertas, eles também levaram em consideração fatores dietéticos específicos, como a ingestão de laticínios, grãos integrais e legumes. Também ajudou o fato de relativamente poucos participantes fumarem ou beberem álcool.

No entanto, o estudo baseou-se em questionários, o que pode lançar dúvidas sobre os resultados porque as pessoas podem não se lembrar de consumir alimentos que comem muito pouco ou consomem de forma irregular.

Mais pesquisas serão necessárias para apoiar os resultados deste estudo. Também não está claro precisamente o que faz com que a carne vermelha e processada leve a resultados adversos para a saúde.

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