Fobia de aranha: como usar os batimentos cardíacos para melhorar o tratamento

A terapia computadorizada para fobia envolve expor a pessoa aos gatilhos de seu medo específico, como mostrar imagens de aranhas para alguém com aracnofobia. Agora, pela primeira vez, um estudo recente revela que cronometrar a exposição com os batimentos cardíacos pode melhorar o tratamento.

Sincronizar a exposição aos gatilhos do medo com o batimento cardíaco de uma pessoa melhora o tratamento da fobia, mostra um novo estudo.

Em um trabalho anterior, cientistas da Brighton and Sussex Medical School (BSMS), no Reino Unido, demonstraram que a quantidade de medo que a exposição a uma ameaça potencial pode gerar depende do estágio do ciclo de bombeamento do coração com o qual coincide.

Eles descobriram que o impacto emocional era maior quando a exposição à ameaça coincidia com os batimentos cardíacos, em vez de ocorrer entre eles.

Essa descoberta os motivou a ver se podiam aplicar o efeito para "influenciar os resultados da terapia de exposição computadorizada para fobia de aranha". O jornal Medicina Psicossomática publicou recentemente esta nova pesquisa.

“Muitos de nós”, diz o autor sênior do estudo, Prof. Hugo D. Critchley, catedrático de psiquiatria da BSMS, “temos fobias de um tipo ou de outro - podem ser aranhas, palhaços ou até mesmo tipos de comida”.

Ele continua explicando que a maioria dos tratamentos para a fobia envolve a exposição ao gatilho específico do medo, mas observa que "isso pode levar muito tempo".

Medo irracional e intenso

A fobia é um medo irracional e intenso que é totalmente desproporcional ao perigo ou risco real que a ameaça percebida representa.

Os exemplos comuns incluem: medo de aranhas, cães ou insetos; medo de altura, água ou tempestades; medo de estar em um elevador, fechado ou em um avião; e medo de agulhas, injeções ou procedimentos cirúrgicos.

A ansiedade que a ameaça percebida gera pode ser tão grande a ponto de incapacitar a pessoa. Só de pensar na situação ou objeto temido pode desencadear sintomas graves, mesmo que a pessoa saiba que seu medo é irracional.

As estimativas para os Estados Unidos sugerem que 12,5% dos adultos terão algum tipo de fobia específica durante a vida.

O tratamento da fobia geralmente leva muito tempo e geralmente envolve o aumento gradual da exposição aos gatilhos do medo específico. Um método que vem ganhando terreno é a terapia computadorizada, que pode ser realizada pela Internet.

O estudo recente é um "ensaio clínico de prova de conceito" que demonstra como a terapia computadorizada para fobia poderia ser ainda mais eficaz se sincronizasse a exposição do gatilho com o ritmo cardíaco do próprio indivíduo.

O sincronismo com a pulsação levou aos melhores resultados

O Prof. Critchley e sua equipe combinaram a exposição computadorizada com o monitoramento online do ritmo cardíaco.

Eles designaram 53 indivíduos saudáveis ​​com fobia de aranha severa a um dos três grupos de terapia computadorizada. Em todos os grupos, o tratamento envolveu a exposição a imagens de aranhas.

No primeiro grupo, as imagens da aranha apareceram ao mesmo tempo que os batimentos cardíacos dos indivíduos, enquanto os participantes do segundo grupo as visualizaram entre os batimentos cardíacos. No terceiro grupo, as imagens apareceram aleatoriamente em relação ao ciclo cardíaco.

A equipe avaliou a melhora medindo as mudanças nos níveis de ansiedade dos participantes, medo auto-relatado de aranhas e condutância da pele.

Todos os grupos mostraram alguma melhora, pois todos receberam terapia de exposição de alguma forma. No entanto, a maior melhora ocorreu no grupo cujas exposições de imagem de aranha coincidiram com seus batimentos cardíacos.

A melhora foi particularmente acentuada em indivíduos que eram capazes de sentir os batimentos cardíacos no peito.Os pesquisadores sugerem a possibilidade de usar as diferenças das pessoas nessa capacidade de personalizar a terapia.

“Você poderia dizer que estamos dentro de um piscar de olhos para ajudar as pessoas a vencer suas fobias.”

Prof. Hugo D. Critchley

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